Como escolher a Cadeirinha do Bebé

O artigo 55 do Código da Estrada, que regulamenta o transporte de crianças no automóvel, determina que todas as crianças com menos de 12 anos, desde que tenham altura inferior a 135 cm devem ser transportadas numa cadeira auto homologada e adaptada ao seu tamanho e peso, em todas as viagens e, de preferência, nos lugares de trás.

Logo, ao transportar o bebé da Maternidade para casa, na sua primeira viagem de automóvel, é obrigatório utilizar um sistema de retenção para crianças (SRC), ou seja, a cadeira auto - vulgarmente designada por ovo ou cadeirinha. Em Portugal, todas as Maternidades exigem a cadeira auto no dia da alta para a viagem de carro até casa. Se for de táxi, a sua utilização não é obrigatória, mas é altamente recomendada.

O Isofix é um sistema standard internacional de fixação de cadeiras auto aos automóveis. Consiste em dois ganchos, presentes na parte inferior lateral das costas da cadeira auto ou na base utilizada para instalar a cadeira, que se fixam em dois ferros, presos ao chassis, existentes entre o assento e as costas do banco do automóvel. Exige ainda um terceiro ponto de fixação superior, designado por top-tether, geralmente localizado atrás das costas do banco ou na bagageira (marcados com o símbolo Isofix), ou então um pé que fica apoiado no chão do carro. A utilização da cadeira auto com Isofix não é obrigatória, mas é recomendável sempre que possível. No caso do ovo, por exemplo, torna a instalação mais intuitiva, fácil e rápida, sendo este acoplado à base que geralmente já está fixa no automóvel. Mais importante, diminui os erros na instalação, mais frequentes quando se utiliza o cinto de segurança.

É permitido o transporte no lugar do passageiro da frente, de crianças com menos de 3 anos, desde que o airbag frontal esteja desligado/desativado, sendo obrigatória a utilização de uma cadeira instalada voltada para trás.

Nos automóveis que não estejam equipados com cintos de segurança é proibido o transporte de crianças de idade inferior a 3 anos.

Depois dos 3 anos, as crianças podem viajar no lugar do passageiro da frente quando:

• Não há lugares atrás;
• Os lugares de trás não têm cintos de segurança;
• Não há espaço atrás para a instalação de 3 cadeiras auto;
• É necessário transportar 4 crianças.
• Estas duas últimas cláusulas constam de um documento da ANSR que regulamenta casos especiais no transporte de crianças e que determina que deve ser a criança mais alta a viajar à frente.

Ao transportar uma criança numa cadeira instalada de frente no lugar do passageiro da frente, deve ter-se o cuidado de recuar o banco o mais possível, para o afastar do tablier e de uma possível abertura do airbag frontal.

Na análise de muitos acidentes reais que envolveram crianças, os lugares de trás são considerados mais seguros, pelo que se aconselham as famílias a optar, sempre que possível, por estes lugares.

Ao atingir 135 cm de altura a criança pode deixar de utilizar o banco elevatório, no entanto, é importante confirmar que o cinto de segurança fica bem apoiado a meio do ombro e que ela não o coloca por baixo do braço (erro muito grave). O banco elevatório pode ser utilizado enquanto a criança não atingir 150 cm de altura, dependendo do carro em que viaja, pois não deve ficar com a cabeça demasiado próxima do teto do automóvel. Só a partir dos 12 anos é recomendado que viaje no lugar da frente.

Uma dúvida muito frequente das famílias é qual o lugar do carro mais seguro para transportar o bebé. A APSI aconselha preferencialmente o lugar do lado direito, atrás do passageiro da frente, para que a criança entre no carro e seja retirada sempre pelo lado do passeio, considerado mais seguro. Além disso, a instalação de um espelho retrovisor no encosto de cabeça desse lugar, corretamente orientado, permite ao condutor ver a criança que viaja numa cadeira auto voltada para trás e vice-versa. Quando é necessário transportar 2 crianças, a mais velha viajará atrás do condutor, com o mesmo cuidado de entrar e sair do carro pelo lado do passeio. Poderá utilizar a porta da frente direita quando a cadeira do bebé impede que utilize a porta de trás.

Há uma grande tentação de retirar o bebé do ovo demasiado cedo para uma cadeira maior, frequentemente antes dos 10 kg e 9/10 meses de vida, porque os pés começam a bater nas costas do banco do carro. Não o faça! O bebé só deve mudar para uma cadeira maior quando estiver prestes a atingir os parâmetros máximos de peso ou altura para os quais o ovo foi homologado, quando o arnês começa a ficar demasiado baixo ao nível dos ombros ou quando a cabeça já fica acima do topo do encosto da cadeira. Assim sendo, mesmo que os pés batam atrás, ou que as pernas fiquem dobradas ou encolhidas, isso não compromete a segurança do bebé, bastando que viaje descalço para ganhar muito espaço e aumentar o conforto.

À semelhança de diversas entidades nacionais e internacionais, a APSI recomenda que as crianças viajem em cadeiras auto voltadas para trás (VT) até o mais tarde possível – idealmente até aos 4 anos, mas no mínimo até aos 2 anos. A cabeça da criança até aos 4 anos é muito grande e pesada, comparativamente com o peso total do corpo (cerca de 25%, comparando com 6% no adulto), sendo por isso, esta a posição que confere maior proteção em caso de acidente.

Existem no mercado cadeiras homologadas até aos 18 Kg ou 25 Kg (R44) ou até aos 105 cm (R129) que permitem o transporte voltado para trás até o mais tarde possível. Depois dos 3 ou 4 anos e quando a criança atinge os 15 Kg de peso poderá mudar para uma cadeira de apoio, composta por um banco elevatório com costas, geralmente reguláveis em altura, em que o cinto de segurança prende a criança e a cadeira como um todo.

Todas as cadeiras auto devem ser instaladas no automóvel respeitando as instruções do respetivo fabricante, sendo que uma montagem errada pode comprometer a segurança.

Em todas as cadeiras auto que se instalam com cinto de segurança, este de ficar corretamente orientado nas guias, nunca devendo ficar torcido nem com folgas.

Para que a cadeira auto proteja efetivamente o bebé ou a criança, é fundamental apertar sempre o arnês – cinto interno que na maioria dos ovos tem 3 faixas em forma de Y (uma passa entre pernas e as outras duas apoiam nos ombros), e nas cadeiras maiores tem 5 faixas (uma entre pernas, duas que apoiam na raiz das coxas e duas que apoiam nos ombros).

Nas cadeiras instaladas voltadas para trás, o arnês deve ficar regulado à altura do ombro ou ligeiramente abaixo. Nas cadeiras instaladas de frente, o arnês deve ficar à altura do ombro ou ligeiramente acima.

O arnês deve ser ajustado diariamente, ficando com uma folga de apenas um dedo, medida entre o arnês e o ombro. Sempre que possível, o bebé ou a criança não devem vestir casacos grossos ou com muito enchimento, pois criarão mais folgas e podem permitir que o arnês descaia sobre o braço, fincado abaixo do ombro.

Nas cadeiras homologadas pelo R129 ou i-Size pode haver duas formas de fixação: a cadeira auto tem os ganchos Isofix presos na própria cadeira ou utiliza uma base Isofix. Em ambos os casos, estes ganchos, geralmente amarelos, devem ser puxados para fora no seu máximo comprimento e vão prender em dois pontos de ancoragem existentes na base do banco do carro, entre o assento e as costas. Quando ficam bem presos aparece um sinal indicativo de fixação correta – acende uma luz verde ou fica visível uma marca também verde, no gancho, na cadeira ou na base.

De seguida, é necessário fixar o terceiro ponto de apoio, que evita a rotação da cadeira em caso de acidente, havendo duas possibilidades:

• A base Isofix tem um pé de apoio que deve ficar aberto, bem esticado e apoiado no chão do carro – acende outra luz verde ou aparece um novo indicador de que também este passo foi bem-sucedido. Quando se fixa corretamente a cadeira na base Isofix acende uma terceira luz verde ou fica visível o indicador da mesma cor.
• As cadeiras sem base têm um top-tether – uma fita com um gancho na ponta, que vai prender num ferro assinalado com o símbolo Isofix nas costas do banco, na bagageira ou no teto do carro. Esta fita, bem esticada, nunca torcida e sem folgas, passa por baixo da parte central do encosto de cabeça do lugar em que a cadeira está instalada.

Em todas as cadeiras R129 que se instalam com cinto de segurança (alguns ovos e cadeiras de apoio para crianças com mais de 4 anos), as guias para orientação do cinto de segurança estão marcadas a verde.

Antes de ser lançado no mercado, cada produto é submetido a um processo de homologação realizado por laboratórios certificados que garantem ao consumidor que aquela cadeira auto satisfaz os parâmetros previstos na lei. Estar homologado significa que o artigo cumpre com as exigências de segurança dos regulamentos definidos pela Comissão Económica para a Europa da Organização das Nações Unidas (UN/ECE).

R129 ou i-Size é o regulamento mais recente, também conhecido por i-Size, que veio atualizar o R44. Neste caso, as cadeiras auto são homologadas por altura e não por peso.

Os principais benefícios do R129 são a maior facilidade na escolha e na mudança de cadeira auto, na decisão sobre a sua orientação, bem como na sua instalação.

A introdução da estatura como referência (em vez de grupos de peso que se sobrepõem) e a impossibilidade de transportar as crianças viradas para a frente antes dos 15 meses, são alguns dos aspetos que tornam as decisões das famílias mais fáceis e os erros de utilização menores. Mais ainda, a introdução de requisitos para embates laterais, até então inexistentes, representa um acréscimo na proteção e segurança.

O R129, na sua primeira fase, aplicou-se apenas a cadeiras auto com cintos internos (sistemas integrais), para instalação com Isofix. Contudo, algumas marcas têm ovos, homologados do nascimento até aos 75 ou 87 cm, que podem ser instalados com Isofix (geralmente com recurso a uma base), ou com o cinto de segurança do automóvel de três pontos de fixação. Esta versatilidade facilita a utilização em diferentes automóveis, com e sem Isofix, sendo ambos os sistemas seguros quando se respeitam escrupulosamente as instruções de instalação.

Não se deve utilizar cadeiras auto muito antigas, emprestadas, adquiridas em segunda mão ou já utilizadas por duas crianças, pois há um desgaste natural dos seus componentes. Caso tenham estado envolvidas num acidente, podem ter sofrido danos estruturais não visíveis a olho nu, mas que poderão comprometer a segurança da criança. Preferencialmente, as cadeiras devem ser compradas novas para cada criança.

A cadeira auto deve ser homologada pela FAA ou TÜV, com o selo "For Use in Aircraft". Qualquer cadeira auto homologada para avião não poderá ser mais larga do que 44 cm, de modo a encaixar-se na maioria dos assentos de avião.

Ao reservar o seu voo, recomendamos que pergunte à companhia aérea se aceita cadeiras auto e se pode efetuar um desconto na compra de um bilhete para a criança, por forma a obter um assento separado, já que é a única maneira de garantir que poderá utilizar a cadeira auto.